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Maior região de Portugal, o ‘coração’ do país tem praias, neve, hotéis incríveis e enogastronomia única

Maior região de Portugal, o ‘coração’ do país tem praias, neve, hotéis incríveis e enogastronomia única

Torres Verdes, Óbidos, Viseu, Penalva do Castelo e Santar: cidades que merecem a visita

Centro de Portugal é a maior região do país, uma demarcação que engloba 100 municípios (conselhos, na nomenclatura local), entre o Tejo e o Douro, a leste da Espanha, ao sul do Alentejo e da Região de Lisboa e a oeste do Atlântico. Daí, não faltam atrações, peculiaridades e vinhos dos quais se desfrutar. A 40 minutos de carro de Lisboa, por exemplo, se alcançam o mar, praias perfeitas para o surf (e Nazaré fica perto) e hotéis requintados para um turismo mais fino. A cidade de Torres Vedras recebe com o Areia dos Seixos, complexo hoteleiro cinco estrelas, projeto lindo encravado na areia, décor único, cozinha lusa contemporânea e vinhos produzidos nas vizinhanças. Vale a escapada.

E a dez minutos desse marzão e luxo só, está Óbidos, patrimônio da humanidade, chamada também de “casa das Rainhas”, já que eram elas (e foram 25 rainhas) que cuidavam dessa vila, que em 2015 ganhou da Unesco o título de “Cidade Literária”, em função do número de livrarias que abriga. Passam de 15, algumas abertas em locais inusitados, como dentro da antiga Igreja de Santiago, de 1186. Um charme.

Da praia para Viseu, cidade de 50 mil habitantes rodeada por serras e pelos rios Vouga e Dão, é um pulo. E tudo muda, da paisagem aos sabores, afinal, agora estamos sob o domínio do Dão, a mais antiga região vitivinícula do país, berço esplêndido da Touriga Nacional. “Tudo nestas paragens são grandezas”, definiu o escritor português José Saramago. E são mesmo: o Dão é cercado pelas Serras do Caramulo, da Nave e da Estrela, e é nessa última, com picos nevados, onde pastam as ovelhas bordaleiras. Sem elas, não existiria o queijo que é sinônimo de Portugal, feito há dois mil anos.

O Casa da Ínsua, solar estilo barroco do século XVIII, em Penalva do Castelo, desde 2009 foi transformado em hotel de charme e está na área demarcada para produção dos queijos. Produz maravilhosos, além de vinhos ( tudo no país acaba em vinho), azeites e compotas incríveis, como a de maçã, cujo sabor e nome não esqueço: Bravo de Esmolfe. É uma grata dormida para seguir estrada.

Santar é uma pequena vila centenária, com pouco mais de mil moradores que vivem em casas de pedra brasonadas (com brasões) e entre vinhedos. É o centrão do Dão. É justo ali onde fica o Paço dos Cunhas de Santar, uma construção setecentista, recentemente restaurada pela Global Wines, uma das maiores produtoras de vinhos do Dão. Ao redor do imponente conjunto, estão 103 hectares viçosos de tinta roriz, alfrocheiro, jaen, encruzado (dá belos brancos) e touriga Nacional. No cardápio do Paço das Cunhas, o restaurante do Paço, estão todos os vinhos da casa para harmonizar com os pratos do chef Henrique Ferreira. Aberto aos visitantes (e recomendo muito), o menu degustação com cinco serviços e harmonizado com vinhos custa 45 euros. No à la carte, os cogumelos selvagens com lombinho de vitela e um excepcional aligot de Serra da Estrela (imaginou?) sai por 20 euros. O chef Ferreira está entre os grandes nomes da cozinha moderna portuguesa do Dão, juntamente com Diogo Rocha, do Mesa de Lemos, outra vinícola importante do Dão que recebe com um restaurante de altíssimo nível. O Mesa, no topo de uma montanha cercada de vinhedos, é um dos mais bonitos restaurantes onde tenho estado.

— Todos os ingredientes são locais. Até mesma a trufa, que é a “criadilha”, colhemos pelo quintal” — conta Diogo

Do Dão para a Bairrada, é uma piscada: ali, a baga é que é a rainha das uvas. O prato principal é o leitão à Bairrada, sempre de casquinha dourada e crocante. Só na Mealhada, contei nada menos do que 40 casas especializadas no prato.

É como dizem por lá: a região do Centro é quase um país dentro de Portugal. Um belo país.

 

Fonte: O Globo

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