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Conheça os tipos de vinhos ideais para o verão.

Conheça os tipos de vinhos ideais para o verão.

O fundamental é levar em conta a acidez, a madeira e o teor alcoólico

Ano novo, bom momento para desfazer alguns mitos. Vou me concentrar em um só: que não se pode beber nada além de brancos e espumantes nesta época. Olha o atrevimento da informação: todos os tipos de vinhos são bons no verão. E não estou me referindo ao ar-condicionado ligado no nível glacial e todo mundo bebendo com casaco e cachecol seu tinto opulento. Vinhos durante a canícula, por pior que ela seja, podem ser tintos, brancos, espumantes, rosés e até fortificados, basta escolher bem e servir direito. Claro, é a época do ano em que se diz: “chegou o momento dos brancos geladinhos”. Não quero estragar esta alegria, até por estimar muito os brancos, então é a oportunidade de ver se aumenta seu consumo.

O mito fundamental é que vinho é bebida para o frio. Tenho um teste-desafio para a resposta, uma pergunta só: o que refresca mais, uma taça de vinho tinto ou um gim tônica bem gelado? Todo mundo vai dizer que, claro, é o drinque. Mas aqui entra a ciência, um gim tônica leva, em média, 50ml de puro gim. Fazendo as contas do álcool contido na bebida chega-se ao resultado, uma dose de gim equivale a meia garrafa de vinho. E se bebe mais rápido, pedindo mais um. Ou seja, você vai suar depois de se refrescar sorvendo rapidamente o drincão, quase como beber uma garrafa de vinho inteira em tempo curto.

Em seguida, na minha “tese”, vem um número que raramente lemos, o teor alcoólico dos vinhos, estampado nos rótulos. Antigamente, duas décadas ou mais passadas, os vinhos ficavam ali pelos 11% de volume. Com o aquecimento generalizado, uvas mais maduras, regiões mais quentes produzindo vinhos, apareceram os de 15 para cima. Tomei um Torrontés de Salta (Norte da Argentina) com 15,7 %. Era agradável, floral e fácil de beber, só que terminei bem grogue. Portanto é possível que um branco leve, sem madeira, mas com muito álcool seja menos refrescante que um tinto acidinho do Loire; um tinto fresco pode ser mais gostoso no sol que um branco, que confusão!

Álcool é péssima companhia para o calor, no verão eu deveria dizer: beba água, chá e sucos. Mas não vamos conseguir ficar sem vinho nem que o sol nos torre a moleira. Então, melhor procurar o frescor. A confusão é que vinho fresco quer dizer com acidez gostosa, pouca ou nenhuma madeira e álcool baixo. É menos fácil de escolher que parece. E acidez, repito sempre, é o que dá alegria aos vinhos, sem ela tudo fica achatado, sem vivacidade. Abaixo explico cada categoria.

Espumantes

Estes já nasceram para o calor. Estou falando de espumantes mais simples, deixe os grandes champanhes caros e safrados para noites de gala no Copa. Há bons espumantes nacionais e mesmo franceses fora da região de Champagne, em especial os blancs de blancs, puro Chardonnay, com menos densidade e corpo. Procure os simples, os despretensiosos, borbulhas é o que queremos. Perca o medo da uva Prosecco, ela dá vinhos com baixo teor alcoólico e são perfeitos para agora. Há uma modinha de champanhes com pedras de gelo, eu fujo deles, prefiro tirar a pedra de gelo da bebida e colocar no balde.

Balde de gelo é equipamento básico, qualquer um, de vidro, de plástico, de prata. Tenho uma sacola plástica dura, para uma garrafa, que é a melhor companhia, prática, barata e funciona muito bem. E gelo, estamos no século XXI, qualquer posto de gasolina vende gelo em quantidade. Beba bem gelado.

Brancos

Vale quase tudo que vale para os espumantes: vá atrás de Sauvignon Blanc, de Chardonnay sem madeira. Privilegie os de tampa de rosca. Confie no Chile e no Brasil, não tenha medo dos vinhos do supermercado, compre safras recentes, que oferecem menos risco de já estarem decaindo. Beba frios. Abuse das ostras com brancos, mantenha sempre algumas garrafas na geladeira, quando tiver sede, beba um copinho. Não desdenhe os vinhos verdes portugueses.

Rosés

Seriam os vinhos mais gostosos para o clima, leio isto todo ano, falo sempre no verão, mas alguma coisa acontece e nunca os rosés pegam no Brasil. Alguns são bem pesados, chegam a me incomodar, aqueles de cor rosa escuro, tintos envergonhados. Mas os clarinhos, provençais, bem elaborados e sutis, estes deveriam ter uma chance. Todo ano a mesma coisa, encalham. Minha explicação é o preço, como tudo chega aqui caro, os rosés acabam tendo o mesmo preço de um branco ou tinto, eu deixo na prateleira e acho que a explicação é esta: se tenho grana para uma garrafa não será uma de rosado.

Tintos

Complicado? Nem um pouco. Repetimos a escolha dos brancos: sem madeira, simples. Uvas Gamay, Cabernet Franc, alguns Pinots mais singelos, algumas castas italianas e portuguesas. As regiões são o Loire, o Dão português, alguns tintos da Toscana (penso em Chianti, especialmente), os mais básicos da Serra Gaucha.

Aqui está a armadilha para mim, afinal eles são… fortificados, levam uma dose de aguardente vínica na sua elaboração. Estamos falando de graus acima de 16% de volume. Portos, Madeira, Jerez. Uma tacinha de Manzanilla ou Fino é um clássico do verão em qualquer lugar, com coisinhas salgadas são o aperitivo mais que perfeito. Estes nem precisam explicação ou defesa. Mas Porto? Aqui termino onde comecei, o Porto branco é mais leve e há um drinque que deu certo feito com ele: Porto Tonic. Troque o gim por Porto branco e eu até deixo que você peça um terceiro.

Fonte: Ibahia.

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