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O segredo das rolhas dos vinhos

O segredo das rolhas dos vinhos

Atualmente, muitos são os materiais com os quais são fabricados os vedantes das garrafas de vinho. Por muito tempo, entretanto, a única maneira de tampar uma garrafa era com a rolha de cortiça, material extraído da casca do sobreiro, carvalho da espécie Quercus suber que é extensivamente cultivado em Portugal.

Apesar de suas vantagens reconhecidas ao longo da história, com o passar dos anos, e o aumento na produção dos engarrafados no século XX, alguns problemas foram atribuídos à rolha de cortiça – o que desencadeou algumas polêmicas a respeito de sua utilização, e o aparecimento de vedantes sintéticos.

A rolha de cortiça

A cortiça é um tecido vegetal impermeável e flexível ao mesmo tempo, com estrutura que pode ser comprimida até metade do seu volume sem perder sua elasticidade. Como se vê, as suas qualidades naturais são muitas, por isso é considerada o material mais nobre para o engarrafamento de vinho. Ainda mais com um aspecto de raridade, já que a cortiça só pode ser retirada de árvores com idade entre 25 e 30 anos, e após essa primeira extração, apenas a cada 9 anos será possível sua retirada novamente. O principal país produtor da cortiça é Portugal, pois a árvore que a origina é muito comum no sul do país, principalmente na região de Alentejo.

 

A cortiça, material da rolha tradicional, é extraída da casca de carvalhos.

O sobreiro é uma árvore que pode alcançar até 20 m de altura, tem período de vida algo em torno de 15 anos e pode fornecer por volta de 12 extrações da cortiça ao longo da sua vida.

Três são os principais tipos de rolhas fabricadas com a cortiça: a rolha maciça, feita de cortiça maciça, considerada a de melhor qualidade, e que pode chegar a dimensões de 55 mm de comprimento e 25 mm de diâmetro; a rolha de aglomerado de cortiça, feita de sobras da cortiça maciça, moída e unificada com cola, tem elasticidade e durabilidade menores e são mais baratas; e a rolha de champagne, feita em formato de cogumelo, com duas partes distintas, a parte de cima mais rígida feita de aglomerado do material e a parte de baixo, elástica e maciça.

História

O uso da rolha só foi adotado quando se adaptou o armazenamento do vinho em recipiente de vidro de forma padronizada. Isso ocorreu a partir do século XVII, quando o formato da garrafa de vinho que conhecemos nos dias atuais estabeleceu-se definitivamente. O desenvolvimento da rolha de cortiça foi um passo natural para o processo de guarda da bebida em garrafas de vidro.

Primeiramente, as rolhas de cortiça natural eram no formato cônico. Já no século XIX, o seu formato cilíndrico ganha vida através dos equipamentos desenvolvidos para serem capazes de introduzi-la no gargalo das garrafas. As primeiras rolhas feitas a partir de aglomerados surgiram ainda neste século, e já no começo do XX surgem as rolhas de duas peças.

 

Primeiramente, as rolhas de cortiça natural eram no formato cônico. Já no século XIX, o seu formato cilíndrico ganha vida através dos equipamentos desenvolvidos para serem capazes de introduzi-la no gargalo das garrafas. As primeiras rolhas feitas a partir de aglomerados surgiram ainda neste século, e já no começo do XX surgem as rolhas de duas peças.

A polêmica: Rolha de cortiça x Tampa sintética

Com o aumento da produção vinícola em todo o mundo a demanda por rolhas de cortiça também cresceu. Obviamente, seria muito difícil alinhar essas duas produções devido às raras condições naturais de extração do material. Somado a isso, a qualidade das rolhas de cortiça diminuiu substancialmente já na década de 70, quando muitos vinhos foram contaminados por uma substância chamada Tricloroanisol (TCA), que derivava das rolhas naturais defeituosas, onde fungos e impurezas da cortiça reagiam quimicamente com bactericidas na sua fabricação. A indústria norte-americana então criou rolhas sintéticas para dar conta de sua produção, e para tentar acabar com a contaminação, garantindo a qualidade do vinho.

Instalou-se desde então uma polêmica a respeito do material de fabricação das rolhas. Argumentos científicos, por vezes contraditórios, são apresentados tanto por quem defende a rolha de cortiça quanto por quem prefere a rolha sintética. Os primeiros afirmam que o elemento natural da cortiça é indispensável para o melhor amadurecimento do vinho, além de ter um caráter de defesa da tradição, afinal são três séculos de uso. Os que defendem a rolha sintética afirmam que, por se tratar de um produto industrializado e pouco sujeito a variabilidade, está livre de qualquer contaminação.

A verdade é que o mercado irá se adaptar sempre ao interesse do consumidor portanto, espaço para ambas as rolhas sempre existirá, é tudo uma questão de adequação: a tradição é apreciada e conservada por muitos amantes do vinho, outros muitos preferem a exigência de qualidade industrial.

Por questões econômicas, ecológicas e comerciais, outros tipos de vedantes passaram a ser utilizados, como a rolha sintética e o “screwcap”.

clube dos vinhos

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