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História das Denominações de Origem

História das Denominações de Origem

Capítulo 1

Quando se fala em Denominação de Origem, logo pensamos na França e sua famosa AOC (Appellation d’Origine Contrôlée) como primeira e mais importante regulamentação para assegurar a qualidade e impedir fraudes na elaboração e comercialização de vinhos. De fato, é em Portugal que surge a primeira área demarcada como sistema de controle de qualidade e proteção ao produto e essa história a Enovírtua vai contar para vocês.

O que é Denominação de Origem?

A denominação de origem (em francês: appellation d’origine) é a designação atribuída em vários países aos vinhos originários e tradicionalmente produzidos numa dada região, cuja qualidade ou caraterísticas se devem essencial ou exclusivamente aos fatores naturais e humanos do meio geográfico , e também a outros produtos — agrícolas ou não — que atendam a esse critério.
O vinho é o produto que detém os principais sistemas de denominação de origem atualmente consolidados. Com relação a essa bebida, todo o processo de produção é sujeito a um controle rigoroso em todas as suas fases, desde a vinha até ao consumidor final, para que possa beneficiar da designação.

A França, por ser famosa por seus vinhos de qualidade, deu maior fama à Denominaçao de Origem, porém, foi em Portugal que nasceu esse sistema de controle, vamos entender o porquê.

Selos AOC e AOP
Fonte:  http://www.maison-charolais.com/img/lamaisonducharolais/236_popup_logo-aoc-et-aop.jpg

História
As referências mais antigas a denominação de origem vêm da Bíblia, em que o “vinho de Samaria”, o “vinho de Carmelo”, o “vinho de Jezreel” ou o “vinho de Helbon” são mencionados. Esta tradição da denominação de origem continuou pela Antiguidade e pela Idade Média, apesar de não ser sancionada por lei.
No entanto, a implantação das denominações de origem, como a sistema legal de controle e certificação como conhecemos hoje, está intimamente ligada à história do Vinho do Porto, na região Douro, em Portugal.
Em 1703, a assinatura do Tratado de Methuen entre Inglaterra e Portugal criou ainda mais incentivos para o negócio do vinho do Porto, determinando que os vinhos portugueses importados para a Inglaterra devessem pagar de imposto um terço a menos do que os vinhos franceses.

Mais importante, o “vinho do Porto”, produzido na região do Douro, era muito mais ao gosto do consumidor inglês do que o “tinto de Portugal” do Minho. Os comerciantes ingleses e escoceses não estavam sós no comércio de vinho do Porto. Também estavam envolvidas no negócio famílias holandesas e alemãs. No entanto, a enorme importância do mercado inglês significava que os comerciantes britânicos predominavam.

Vinho do Porto
Fonte:  http://www.delidelux.pt/store/images/img626.gif

A segunda década do século XVIII marcou o início de trinta anos de rápido crescimento nas exportações de vinho do Porto e um período de grande prosperidade tanto para os produtores da região do Alto Douro como para os exportadores de vinho do Porto, sediados no Porto. Contudo, com o passar do tempo, este rápido crescimento da procura aos poucos deu origem a especulações no comércio e a práticas fraudulentas, como a adição da baga de sabugueiro aos vinhos mais pobres para lhes dar cor e a ilusão de qualidade.

Outras complicações surgiram na década de 1750, onde se assistiu a uma queda acentuada na procura e um excesso de produção no Douro. Em 1756, o Marquês de Pombal, na qualidade de Ministro de Estado de Portugal, cuja influência e poder tinham sido reforçados pela sua intervenção após o catastrófico terremoto que destruira a maior parte da cidade de Lisboa no ano anterior, entrou em cena para restaurar a ordem.

Marquês de Pombal
Fonte:  http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c1/O_marques_de_pombal,_conde_de_Oeiras.jpg

O Marquês de Pombal determinou imediatamente o controle estatal sobre o comércio do vinho do Porto, sob a forma de uma empresa, a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (mais tarde conhecida como a Real Companhia ou Companhia Velha), com o monopólio do comércio com a Inglaterra e o Brasil e da produção e venda de aguardente no norte de Portugal. No mesmo ano, os limites da área vitivinícola do vinho do Porto foram demarcados e a sua posição assinalada com 335 pilares de pedra, conhecidos como os marcos pombalinos.

Real Companhia Velha
Fonte:  http://bloghypersaber.files.wordpress.com/2011/11/real-companhia-velha1.jpg

Em 1757, fez-se a primeira classificação abrangente das vinhas do vinho do Porto (quase um século antes da semelhante classificação que se fez em Bordéus). Aqueles que produziam os melhores vinhos, conhecidos por “vinhos de feitoria”, foram autorizados a vender os seus vinhos para exportação e reclamar um preço mais elevado, enquanto os que fazem vinhos de qualidade mais modesta, chamados “vinhos de ramo”, ficavam restritos ao mercado interno. Medidas foram tomadas, como a erradicação da árvore de sabugueiro dentro da área de demarcação, para conter os abusos mais comuns.

As ações draconianas do Marquês de Pombal e da empresa de monopólio, embora impopulares na época, resultaram numa melhora na qualidade do vinho do Porto e deram início a uma nova era de crescimento e prosperidade tanto para os produtores e como para os exportadores. Ao estabelecer os limites geográficos das vinhas do vinho do Porto, classificando-as de acordo com a qualidade e estabelecendo normas para a produção do vinho, o Marquês de Pombal foi um precursor visionário do moderno conceito de DOC (Denominação de Origem Controlada). Estas medidas pioneiras lançaram as bases para a legislação de hoje que é uma das mais sofisticadas de qualquer das clássicas regiões vitivinícolas mundiais.

Fonte:   http://www.taylor.pt/pt/o-que-e-o-vinho-do-porto/historia/o-marques-de-pombal/

As Denominações de Origem pelo Mundo:

Hoje o sistema de Denominação de Origem é usado pela maioria dos países produtores de vinhos de qualidade, inclusive o Brasil.

Vamos conhecer os principais países onde esse sistema é aplicado:

África do Sul: Wine of Origin
Austrália: Australian Geographical Indications
Brasil:  Indicação geográfica (IG), que subdivide-se em indicações de procedência e denominações de origem
Canadá: Vintners Quality Alliance
Chile: Denominación de Origen (DO) e Indicación Geográfica (IG), sendo a DO um tipo especial de IG
Estados Unidos: American Viticultural Area
União Europeia: Denominação de origem protegida (DOP), Indicação Geográfica Protegida (IGP) e Especialidade Tradicional Garantida (ETG)
Alemanha: Qualitätswein bestimmter Anbaugebiete (QbA)
Áustria: Districtus Austria Controllatus
Espanha: Denominación de Origen (DO)
França: Appellation d’origine contrôlée (AOC)
Grécia: ονομασία προελεύσεως ελεγχομένη
Itália: Denominazione di origine controllata
Portugal: Denominação de origem controlada (DOC)
Reino Unido:  Quality Wine Scheme
Roménia: Denumire de Origine Controlată

No próximo capítulo, estudaremos as especificações exigidas por esse sistema que são fundamentais para certificar e conceder o selo de Denominação de Origem.

Até lá!

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